Escritores da Grande SP apontam desafios e responsabilidades da profissão: 'Escrever é um ato político'

  • 25/07/2024
(Foto: Reprodução)
Dia do Escritor é celebrado nesta quinta-feira (25), e autores relatam como é a relação com a escrita, os deveres e, principalmente, como lidam com o bloqueio criativo que acontece quando o "criar" se consolida como profissão. André dos Santos da Silva e Flávia Manuela Albuquerque, autores do Alto Tietê Reprodução 📝 Mesa, cadeira, papel e caneta (ou até computador! 💻): isso é o necessário para que os escritores transformem ideias em histórias que levam os leitores a conhecer mundos reais e imaginários. Nesta quinta-feira (25), em que é celebrado o Dia do Escritor, o g1 decidiu mudar os "contadores de história" de lugar para que, dessa vez, eles sejam os protagonistas. 📖 "Escrever é um ato de resistência, um ato político. Um ato de posicionamento, de colocação em uma sociedade. Uma forma de mostrar que eu estou aqui e vou ficar", pontua o escritor André dos Santos da Silva. ✅ Clique para seguir o canal do g1 Mogi das Cruzes e Suzano no WhatsApp André dos Santos da Silva tem 26 anos e mora em Mogi das Cruzes, na Grande São Paulo. Em horário comercial, ele trabalha como coordenador de uma escola de idiomas. Em um momento de inspiração entre uma pausa e outra na correria do dia a dia, Silva pega o celular, abre o bloco de notas e se sente à vontade para mostrar sua verdadeira identidade: escritor. "Às vezes estou andando na rua e vejo um encontro entre pessoas, um abraço, alguém andando de mãos dadas. Quando eu me deparo com alguma fonte de inspiração, escrevo no bloco de notas e às vezes tiro até uma foto para facilitar o registro", conta. Apesar do processo inicial ser feito com o celular do lugar em que esteja, o artista espera o momento de chegar em casa para "esculpir uma nova obra". "Quando eu retomo esse registro - a frase do bloco de notas ou a foto -, eu preciso do meu momento, no meu quarto, no meu ambiente, e sento para refletir sobre aquilo e pensar, retomar o que me despertou. Em coisa de dez, quinze minutos eu produzo uma poesia". O autor conta que sempre gostou de se expressar por meio da escrita, mas só aos 15 anos começou a tratar a arte com mais seriedade. "Eu comecei a escrever como uma forma de me sentir confortável comigo mesmo. Eu sentia que não conseguia me expressar tão bem assim falando, então acho que foi uma porta para eu conseguir me comunicar bem, foi um divisor de águas". Silva já escreveu outros gêneros, como contos e crônicas, mas a liberdade em criar foi a responsável por ele se apaixonar por poesia. "O poeta, por si só, discorre sobre qualquer assunto, no formato que ele deseja. Nem tudo precisa ter uma certa compreensão, uma preferência… É tudo muito natural". André dos Santos da Silva tem 26 anos e conta que sempre gostou de se expressar por meio da escrita André dos Santos da Silva/Arquivo pessoal "Eu já tenho dois projetos de escrita. O primeiro, chamado 'Projeto Poemei', aconteceu há uns dois anos e foi um trabalho on-line. Nele, minha amiga Beatriz Melo ajudou a expressar minhas poesias por meio de desenhos. Já o segundo projeto é um livro físico de poesias feito em parceria com o meu tio, Ronaldo Batista. O '#PensandoAlto!' foi lançado no dia 21 de junho", explica. Apesar de sempre acabar encontrando alguma fonte de inspiração, criar pode se tornar um processo difícil. O escritor relata que todos os dias o artista passa pela desistência. "Acredito que eu tenha encontrado maneiras de deixar isso mais possível ou, até mesmo, aceitar a desistência como uma opção, algo como 'eu vou me dar um tempo', 'vou desistir nesse momento', para que eu possa descansar a mente, sair para conhecer novos lugares, novas pessoas… Vou me inspirar, para poder transbordar novamente nas páginas. É um processo de 'chutar o balde'", desabafa. "Criatividade é muito complicado. A gente acha que é uma fonte inesgotável, mas a gente se sente esgotado". Quem compartilha do mesmo pensamento e está passando por esse processo de "desistência momentânea" é a publicitária e escritora Flávia Manuela Albuquerque, de 24 anos. Ela também mora em Mogi das Cruzes e já tem dois livros publicados: "O Segredo das Flores" e "Como Flores no Outono". Processo criativo de Flávia Manuela Albuquerque é todo feito com papel e caneta Flávia Manuela Albuquerque/Arquivo pessoal "No filme 'O Serviço de Entrega da Kiki', a personagem principal perde o dom de voar em um momento de confusão emocional. A escrita funciona dessa forma. Às vezes, o maior desafio é conseguir me reconectar comigo mesma", afirma. Flávia relata que começou a escrever - por passatempo - na adolescência e, aos 20 anos, começou a pensar em publicar. Parte da influência veio da mãe, uma professora de literatura, que incentivava a jovem a se manter rodeada de obras literárias. "Para mim, escrever significa 'o anseio por algo mais'. A busca quase incansável por desvendar o universo e a mim mesma, como se essa fosse a única forma de manter a minha própria alma", diz. Com cerca de 11,3 mil seguidores nas redes sociais, a escritora afirma que - no momento da publicação do primeiro livro - os leitores eram amigos, familiares e conhecidos das redes sociais. Entretanto, quando a divulgação começou a ganhar peso, conheceu novos leitores e até contou com a ajuda de "bookinfluencers", os influenciadores literários das redes sociais. "É ótimo perceber que tem gente apreciando seu trabalho. 'Escritor' não é uma profissão regulamentada no Brasil, não há piso salarial ou direitos garantidos por lei. Quem segue esse caminho, faz por plena coragem porque os incentivos são mínimos", conta. Mesmo a profissão não sendo tratada com a seriedade que deveria, Flávia e André sabem a responsabilidade que carregam a cada palavra que é escrita. "Acredito que a escrita molda a sociedade, assim como a sociedade molda a escrita. Com ela, quero passar as mensagens que me acompanham: luta para manter o próprio coração, busca da cura por meio da arte e nunca deixar de acreditar no amor", afirma Flávia. André afirma que escrever é deixar um legado e que sempre se pega pensando 'que legado eu quero deixar para o mundo?' "Se um pouquinho do que eu escrevo conseguir atingir uma partezinha da pessoa que está lendo, com certeza eu vou estar muito satisfeito. Consegui cumprir minha missão como artista, como escritor, como pessoa”, finaliza o artista. Escritora tem dois livros publicados e mais de 11,3 mil seguidores nas redes sociais Flávia Manuela Albuquerque/Arquivo pessoal Assista a mais notícias sobre o Alto Tietê

FONTE: https://g1.globo.com/sp/mogi-das-cruzes-suzano/noticia/2024/07/25/escritores-da-grande-sp-apontam-desafios-e-responsabilidades-da-profissao-escrever-e-um-ato-politico.ghtml


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